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Ouro em Portugal, ocorrência e variedades

Ouro em Portugal
Locais de ocorrência e variedades

Em Portugal, o ouro nativo é relativamente raro, mas historicamente, a região de Trás-os-Montes, em particular, a área de Valongo, é conhecida por depósitos de ouro. No entanto, a mineração de ouro é altamente regulamentada e geralmente requer permissões e conformidade com as leis ambientais reservado a grande mineradoras.

Se estiver interessado em procurar ouro, é importante seguir todas as regulamentações locais e obter as permissões necessárias. Além disso, a busca de ouro pode ser desafiadora e requer equipamento apropriado e conhecimento geológico. Considere procurar aconselhamento de especialistas ou geólogos locais para orientação específica sobre áreas potenciais para procurar ouro nativo em Portugal.

Posso minerar ouro em rios em Portugal?
Sim, pode. Porém faça por cumprir a ética de coleta de minerais ao respeitar o meio ambiente, contrariar isto estará sujeito a coimas pelas autoridades responsáveis. Não utilize máquinas, somente bateias ou outro equipamento manual.
mina romana em Setúbal
Vestígios de uma entrada de galeria de mineração em
Vale de Gatos, Cruz de Pau, Amora, Seixal, Setúbal, Portugal

Por mais estranho que pareça, ainda é possível encontrar algumas pepitas de ouro em Portugal. Você não ficará rico se as encontrar (porque são muito pequenas e em pequena quantidade), mas a mineração de ouro pode ser um hobby interessante. De Norte, passando por Lisboa a Sul, ainda há ouro.
Embora não sejam de grande quantidade, a prospecção de ouro em Portugal é mais frequente nos rios, sendo nas zonas de declives as mais promissoras para encontrar pequenas pepitas.
Já encontrar ouro no quartzo requererá um estudo maior em geologia, mas se o descobrir, parabéns, achou uma boa fonte.
Já em antigas minas romanas, por constituir maior perigo, a atividade de busca de ouro aqui é bem menor e quando possível, requer maior atenção e investimento em segurança.

Se por acaso encontrar ouro, siga esta nossa dica:


Locais históricos e atuais de ocorrência de ouro em Portugal:
Mapa dos principais locais em Portugal onde já se encontrou ouro, desde os tempos romanos até prospeções mais recentes, bem como os tipos de ocorrência, incluindo aluviões, filonianos em quartzo, electrum e ouro associado a sulfuretos.
Locais de ocorrência de ouro em Portugal

Norte

Rios: Douro, Tua, Sabor, Corgo, Távora, Paiva.
Tipo: ouro aluvionar (areias e cascalhos dos rios).
Tipo: ouro filoniano em veios de quartzo e secundariamente em aluviões.
  • Jales (Vila Pouca de Aguiar)
Importante mina de ouro e outros metais.
Tipo: ouro em veios hidrotermais de quartzo, associado a sulfuretos.
Achados em aluviões de rios e pequenas ocorrências filonianas.


Centro

Associado a pegmatitos e veios de quartzo.
Tipo: ouro filoniano.
O Mondego e afluentes tiveram exploração aurífera antiga (romana).
Tipo: ouro aluvionar.
Ouro em aluviões de ribeiras.


Sul

  • Alentejo (Beja, Évora, Portalegre)
Ouro associado a sulfuretos (pirita, arsenopirita, calcopirita).
Ex.: Mina de São Domingos (Mértola), embora explorada sobretudo para cobre, registaram-se teores de ouro.
Tipo: ouro disseminado em sulfuretos.

  • Alcoutim e Rio Guadiana (Algarve e Baixo Alentejo)
Depósitos aluvionares do Guadiana e afluentes.



⚒️ Variedades de ouro encontrados em Portugal

Flocos e pepitas em cascalhos e areias de rios (Douro, Tua, Mondego, Guadiana).
Foi a principal fonte de ouro explorada pelos romanos.

Ouro filoniano (ou em quartzo hidrotermal)
Associado a veios de quartzo com pirita, arsenopirita e outros sulfuretos (Valongo, Jales, Trás-os-Montes, Melres, Guarda).
ouro em quartzo, Melres - Gondomar

Electrum (liga natural de ouro e prata - Au-Ag)
Ocorre em algumas jazidas filonianas; há referências no Norte (Valongo e Trás-os-Montes).
gold variet electrum on quartz
Raramente o ouro electrum esta isolado (sem Ag), mas quando isto acontece, o espécime é absolutamente lindo, como mostra a imagem acima. Muitíssimo raro esta variedade de ouro em Portugal.

Presente em minas polimetálicas do Alentejo (São Domingos, Aljustrel, Neves-Corvo, Lousal).
Chalcopyrite na Mina de Aljustrel (Portugal) — sulfeto associado que muitas vezes aparece em depósitos auríferos/disseminados. (Mindat)


📌 Nota importante:
A prospecção e recolha de minerais em Portugal estão sujeitas a lei. Exploração mineira só é permitida com licença da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).

Para hobby (prospecção com bateia em aluviões) é tolerado em pequena escala, mas sempre respeitando propriedade privada, parques nacionais e ambiente.


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Ouro Nativo em Portugal


O ouro, um metal precioso que fascina a humanidade desde tempos imemoriais, possui uma história rica e complexa em Portugal. A sua exploração no território português remonta a períodos muito antigos, mas foi durante o domínio romano que atingiu uma escala industrial sem precedentes, deixando um legado mineiro que ainda hoje é visível e estudado.

A exploração mineira em Portugal tem raízes profundas, com evidências arqueológicas que datam da Idade do Bronze e da Idade do Ferro. No entanto, foi com a chegada dos Romanos à Península Ibérica, após a expulsão dos cartagineses na Segunda Guerra Púnica (206 a.C.), que a mineração de ouro no território português conheceu o seu apogeu. O interesse de Roma pelos recursos minerais da península era estratégico, e o noroeste hispânico, incluindo partes do atual Portugal, tornou-se um alvo principal devido à abundância de depósitos auríferos.
Os Romanos aplicaram e desenvolveram técnicas de exploração extremamente avançadas para a época, que ainda hoje impressionam pela sua precisão e espetacularidade. A extração de ouro era realizada tanto em depósitos primários (em rocha) quanto em depósitos secundários (aluviões e coluviões).

Portugal foi palco de importantes explorações auríferas romanas, com complexos mineiros que se destacaram pela sua dimensão e engenharia. Entre os exemplos mais notáveis encontram-se:
Tresminas (Vila Pouca de Aguiar): Considerado um dos mais importantes complexos mineiros de ouro do Império Romano, Tresminas foi intensamente explorado nos séculos I e II d.C. As minas de Tresminas exploravam ouro, prata e chumbo, utilizando métodos a céu aberto (cortas) e galerias subterrâneas com entivação em madeira.

Poço das Freitas (Boticas): Outro exemplo de antiga exploração aurífera romana, que, juntamente com Tresminas, foi convertido em património arqueológico e mineiro.

Minas de Castromil (Paredes): Estas minas exploravam um depósito mineral localizado geologicamente no contacto entre metassedimentos (xistos, grauvaques) e outras formações. As minas de Castromil e Banjas, também em Paredes, são exemplos de explorações romanas significativas.

Fojo das Pombas (Valongo): Este complexo mineiro romano em Valongo é um dos locais onde se desenvolveram metodologias de avaliação de riscos associados às cavidades mineiras deixadas pelos romanos, evidenciando a sua importância histórica e o desafio da sua preservação.
Estas minas, atualmente desativadas, são reconhecidas como Património Arqueológico e Mineiro, sendo cruciais para a compreensão da história da mineração em Portugal e na Península Ibérica.

Veja mais em:


A exploração de ouro em Portugal, especialmente durante o período romano, focou-se em dois tipos principais de depósitos:
Ouro de Montemor_o_Novo em Évora

Depósitos Primários (em rocha): Nestes depósitos, o ouro não se encontra livre, mas sim associado a sulfuretos e óxidos de ferro em filões de quartzo. A exploração podia ser a céu aberto, quando os filões afloravam à superfície, ou subterrânea, seguindo as estruturas mineralizadas em profundidade. As minas subterrâneas, localmente designadas por 'fojos', integravam galerias, estruturas hidráulicas, canais de drenagem e poços. A morfologia subvertical destes depósitos permitiu uma rápida evolução das explorações romanas em profundidade.

Depósitos Secundários (aluviões e coluviões): O ouro nestes depósitos é livre e resulta de processos erosivos que transportaram o ouro dos filões primários para depósitos em encostas (coluviões) ou em leitos de rios (aluviões). A extração nestes depósitos era feita através de técnicas de lavagem, como o uso de bateias, que separavam o ouro dos sedimentos pela diferença de densidade.
Embora o documento forneça detalhes sobre a exploração e processamento do ouro, não especifica variedades distintas de ouro nativo encontradas em Portugal, além de mencionar a sua ocorrência em filões de quartzo e depósitos aluvionares. A pureza do ouro nativo pode variar, mas o documento foca-se mais nos métodos de extração e concentração do que nas características mineralógicas específicas das variedades de ouro.

Recentemente, uma equipa de investigadores espanhóis confirmou a existência de antigas minas de ouro romanas na Região Centro de Portugal, nomeadamente no distrito de Castelo Branco. Estas descobertas, realizadas através de teledeteção aérea e tecnologia LiDAR, revelam a verdadeira dimensão do complexo mineiro romano na Lusitânia, posicionando-a como uma das principais zonas produtoras de ouro do Império Romano.
As minas localizam-se fundamentalmente no vale do Tejo e nos seus afluentes, como o Erges, o Ponsul, o Ocreza e o Zêzere. Uma grande área mineira foi também documentada no vale do rio Alva, até então quase desconhecida, albergando uma das maiores concentrações de explorações auríferas romanas em Portugal. As escavações no conjunto mineiro do Covão do Urso e Mina da Presa, em Penamacor, demonstraram que as minas estiveram em funcionamento entre os séculos I-III d.C.

Em Portugal, o ouro nativo é frequentemente encontrado sob a forma de electrum, uma liga natural de ouro e prata. Nas Minas de Ouro de Castromil, por exemplo, o electrum ocorre em partículas microscópicas (cerca de 20µm), aprisionadas principalmente nas microfraturas da pirite ou englobadas em óxidos secundários resultantes da oxidação dos sulfuretos. Este tipo de ocorrência demonstra que o ouro não se apresenta sempre na sua forma pura, mas sim como uma liga com outros metais, sendo a prata o mais comum.
Embora o documento não detalhe outras variedades específicas de ouro nativo em Portugal, a presença de electrum é um aspeto importante da mineralogia aurífera do país, refletindo a complexidade dos processos geológicos que levaram à sua formação.

Imagem de Ouro Nativo de Portugal
ouro de Portugal

Galerias de Minas Romanas em Portugal



Conclusão
A história do ouro nativo em Portugal é um testemunho da riqueza geológica do país e da engenhosidade humana ao longo dos séculos. Desde as explorações rudimentares da Idade do Bronze até à sofisticada engenharia romana, o ouro desempenhou um papel crucial na economia e na cultura do território. As minas romanas, como Tresminas e Castromil, são marcos históricos que revelam a escala e a importância da atividade mineira na antiguidade. A presença de depósitos primários e secundários, e a ocorrência de electrum, sublinham a diversidade dos recursos auríferos portugueses. Embora a exploração em larga escala tenha cessado há muito, o legado do ouro nativo em Portugal continua a fascinar investigadores e entusiastas, mantendo viva a memória de uma era dourada.



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Outras fontes:

GeoPortal (SIORMINP) OURO:

Gemas em Portugal, análises e ocorrências

Uma Análise Geológica e Histórica
onde encontrar pedras preciosas em portugal
A investigação sobre a ocorrência de gemas em Portugal abrange uma complexa interação entre a geologia intrínseca do território e a sua rica história de intercâmbio cultural e comercial. É fundamental, desde o início, esclarecer a polissemia do termo "gema" no contexto português. Enquanto a questão principal se refere primariamente a minerais e rochas de valor ornamental e joalheiro, a palavra "gema" em português também se aplica a outros contextos, como a "sal-gema" (sal-gema), um mineral industrial de grande volume com jazidas significativas no país. Este relatório focar-se-á nas gemas geológicas, mas abordará a sal-gema devido à sua proeminência e ao seu desenvolvimento como recurso turístico e cultural.
Ocorrência de Gemas em Portugal
A presença de gemas em Portugal pode ser analisada sob duas perspetivas principais: a das gemas que ocorrem naturalmente no território nacional e a das gemas que, embora não nativas, desempenharam um papel central na joalharia e na cultura portuguesas devido à importação. A compreensão deste panorama requer uma exploração aprofundada das formações geológicas do país e da evolução das rotas comerciais que moldaram o consumo e a perceção das pedras preciosas ao longo dos séculos. Mas vamos falar somente das gemas encontradas em Portugal no seu estado natural in situ, sabendo que o Topázio e a Esmeralda são duas das gemas de maior valor na qualidade gema.

Contexto Histórico da Utilização de Gemas em Portugal
A história da utilização de gemas em Portugal é um espelho das suas transformações sociais, económicas e das suas conexões globais. Desde os primórdios da ocupação humana até à era moderna, a relação com estes materiais evoluiu significativamente.

Períodos Pré-Históricos e Antigos
A utilização de gemas naturais em Portugal remonta à pré-história, evidenciada por achados arqueológicos. No Paleolítico, o azeviche, uma variedade ornamental de linhite de origem orgânica, já era empregado em contas de colar, sugerindo um uso ligado a rituais fúnebres e sincretismos. A proveniência geológica deste azeviche é, provavelmente, de níveis carbonosos nas arribas costeiras entre Peniche e Cabo Espinel. Também o Âmbar encontrado em alguns locais de Sintra, Oeiras e Cascais eram muito empregados nas culturas antigas no território. 

Mais tarde, no Calcolítico, foram descobertos espólios que incluem contas de colar de tons verdes, conhecidas como "calaítes". Estas eram talhadas a partir de minerais como variscite, moscovite, talco, clorite e, em menor grau, turquesa. A variscite, por exemplo, ocorre em fraturas de rochas metapelíticas carbonosas do Silúrico, enquanto a turquesa é frequente em fraturas de quartzitos Ordovícicos no território português. Estes materiais constituem alguns dos recursos de gemas mais prevalentes nos achados arqueológicos mais antigos a nível europeu.

Um dos exemplos mais notáveis de exploração de gemas nativas na antiguidade é o das granadas. A jazida de Monte Suímo, em Belas, perto de Lisboa, foi explorada desde o período romano, tendo sido descrita por Plínio-o-Velho na sua "Naturalis Historia". A sua importância estendeu-se pela Idade Média e o Renascimento, sendo referenciada por Georgius Agricola em meados do século XVI. De facto, o período entre 300 a.C. e 700 d.C. é conhecido na Europa como o "milénio das granadas", dada a sua predominância antes dos contactos europeus com a Ásia e o Novo Mundo.

Tipos e Locais de Ocorrência de Gemas Nativas em Portugal
A geologia de Portugal Continental é caracterizada por três grandes unidades: o Maciço Antigo, as Orlas Meso-Cenozóicas e as Bacias do Tejo e do Sado. O Maciço Antigo, que ocupa cerca de dois terços do território, é composto essencialmente por séries xistentas Pré-Câmbricas e Paleozóicas, intrudidas por massas de rochas ígneas, predominantemente granitos, durante as orogenias hercínica e alpina. Esta complexidade geológica oferece um ambiente propício para a formação de diversos minerais, alguns dos quais com potencial gemológico.

Minerais de Quartzo
Minerais de Quartzo em Portugal
O quartzo é o grupo de minerais mais abundante na Terra e, consequentemente, o cristal mais comum encontrado em Portugal, de norte a sul do país. A sua ocorrência é vasta, sendo possível encontrar "a céu aberto" quartzos leitosos, cristalinos, e magníficas pontas e drusas. Os quartzos tendem a crescer em zonas ricas em água, com destaque para a Serra da Estrela, a Serra do Gerês e o Sudoeste Alentejano. Ao longo da costa alentejana, é comum encontrar seixos com mini geodos de quartzo nas suas fissuras.

Embora o quartzo seja ubíquo, a sua qualidade gemológica para fins comerciais de alto valor pode ser mais limitada em Portugal, com a maioria dos cristais de quartzo rosa de alta qualidade no mercado a provir do Brasil e Madagáscar. No entanto, o quartzo em Portugal, seja na sua forma cristalina ou leitosa, possui valor para colecionadores e para a joalharia artesanal. A sua formação em filões hidrotermais a baixas temperaturas é um processo geológico comum que explica a sua ampla distribuição.

O jaspe, uma variedade microcristalina opaca de quartzo, também está presente em todo o território nacional. É um mineral que pode conter dezenas de outros minerais e elementos, resultando numa grande diversidade de variedades e cores, sendo o vermelho o mais comum. A Serra de São Luís, em Odemira, é um local notável para a ocorrência de jaspe, predominantemente vermelho, mas também amarelo e saturno.

As Ametistas em Portugal são encontradas, predominantemente, no norte do país, em áreas montanhosas. Embora o norte seja o foco principal, a ametista não é o único mineral de destaque em Portugal; por exemplo, a Carminite, com coloração carmim, tem ocorrências conhecidas em locais como a mina de Gestoso - São Pedro do Sul, Mina de Lagoa - Viana do Castelo, Adoria - Vila Real e nas Minas de Vale das Gatas - Vila Real.

Minerais Associados a Pegmatitos
Minerais Associados a Pegmatitos
Os pegmatitos são rochas ígneas intrusivas de composição granítica, caracterizadas pela sua granulação grosseira e pela presença de cristais de grandes dimensões. Em termos geológicos, são importantes depósitos de gemas, incluindo feldspatos, quartzo, berilo e estanho. Em Portugal, a maioria dos pegmatitos encontra-se na Zona Centro Ibérica da Cadeia Varisca Ibérica, abrangendo o Norte e Centro do país. Esta concentração geológica faz desta região um ponto de interesse significativo para a ocorrência de gemas.

O Berilo (Be3Al2Si6O18) é um mineral que ocorre em Portugal. Embora o berilo puro seja incolor, impurezas podem conferir-lhe diversas cores, dando origem a variedades gemológicas de alto valor, como a esmeralda (verde), água-marinha (azul), morganita (rosa) e heliodoro (amarelo-dourado). O berilo é comumente encontrado em pegmatitos graníticos, o que, dada a prevalência de pegmatitos em Portugal, sugere um potencial para a descoberta de variedades gemológicas deste mineral.

A Petalite é outro mineral associado a pegmatitos, e a sua ocorrência em Portugal está ligada a campos aplito-pegmatíticos, como o da Serra de Arga e o do Barroso-Alvão, no Norte do país. A petalite, tal como a espodumena, é um mineral litinífero, e a sua presença está correlacionada com as concessões de prospecção e exploração de lítio em Portugal. A exploração de lítio, um mineral industrial estratégico, pode, portanto, revelar reservas de gemas como subprodutos, o que representa uma oportunidade para o setor gemológico nacional.

A Espodumena, um piroxena litinífera, também ocorre em campos aplito-pegmatíticos em Portugal, nomeadamente em Almendra na fronteira com Espanha, Barroso-Alvão e Gelfa. As suas variedades de qualidade gema incluem a Hiddenite (verde), Kunzite (rosa-lilás) e Trifane (amarela). A presença de componentes voláteis como boro, lítio e flúor nos pegmatitos é essencial para a cristalização de gemas como a turmalina , indicando o potencial para a sua ocorrência em Portugal, embora as principais fontes comerciais sejam globais.

A Apatite também é encontrada em Portugal, com a Mina da Panasqueira sendo notável pela ocorrência de apatite violeta de qualidade e raridade extraordinárias. Além disso, a apatite pode ocorrer como mineral acessório em outros depósitos minerais industriais.

O Crisoberilo (BeAl2O4), embora não explicitamente detalhado em termos de ocorrência em Portugal, é a terceira gema natural mais dura, e a sua variedade alexandrita, de alto valor comercial, é extremamente rara devido às condições geológicas específicas necessárias para a sua formação (reação de fluidos pegmatíticos ricos em berílio com rochas ricas em crómio).

A Lazulite-scorzalite é outro mineral com registo de ocorrência em Portugal, em particular na Torre de Moncorvo, no Distrito de Bragança. A scorzalite, um mineral azul profundo, forma-se em xistos metamorfizados e como mineral de substituição em diques pegmatíticos ígneos.

A Ferberite ocorre como massas granulares e como cristais prismáticos delgados muito parecidos com as turmalinas sendo muitas vezes confundidas com turmalinas pretas (schrol). A ferberite ocorre tipicamente em pegmatitos, greisens graníticos e depósitos hidrotermais de alta temperatura. É um minério menor de tungstênio. Ocorre principalmente desde Castelo Branco a norte de Portugal. Espécimes associados a outros minerais ocorrem nas Minas da Panasqueira.

O Topázio ocorre tipicamente em pegmatitos, veios de quartzo de alta temperatura e em cavidades presentes em rochas ácidas como granito e riólito. Na área de Gonçalo, a sua presença está associada ao granito da Guarda e a uma fácies de granulado mais fino, conhecida como granito de Alvarões. Também se encontra em associação com um granito de duas micas e o complexo xisto-grauváquico. O topázio de Gonçalo, é descrito como raro, branco a hialino (incolor) e idiomorfo. Pode exibir uma cor verde claro ou azul esverdeado transparente, com cristais que geralmente ultrapassam 1 cm, formando por vezes agregados de até 4 cm de diâmetro.

É importante notar que, para gemas de alto valor como o corindo (rubi e safira), as condições de formação (altas pressões e temperaturas, presença de crómio, ferro e titânio) são muito específicas, tornando a ocorrência de corindo de qualidade gemológica rara a nível global. A história da joalharia portuguesa, como referido, demonstra que rubis e safiras foram maioritariamente importados , o que sugere que Portugal não possui depósitos significativos destas gemas.

Gemas dos Açores
Nas formações vulcânicas dos Açores ocorrem mais de 100 minerais, sendo o grupo das Olivinas as gemas mais evidente como a Ágata dendrítica, olivinas em areia, peridoto, augita, obsidiana e olivinas em basalto. Alguns minerais só existem ali, são os "minerais tipos" amplamente estudados por entusiastas e acadêmicos.


Outras Ocorrências Notáveis
Portugal possui outras ocorrências de minerais com interesse gemológico ou industrial.
Gemas em Portugal, análises e ocorrências
Turmalina forma-se comumente em pegmatitos e a variedade mais comum é a schorl (turmalina preta). A sua ocorrência em Portugal é esperada em ambientes pegmatíticos, frequentemente como subproduto de outras lavras. Além da Schrol, algumas variedade tem forte interesse não s´para colecionadores mas como gemas. Elbaite na variedade Rubelite, por exemplo, uma variedade de cor rosa é de grande interesse, sendo as melhores espécimes encontradas no Distrito da Guarda em Gonçalo. A Indicolite, outra variedade azul de turmalina pode ser encontrada em algumas zonas de Sintra mas sem interesse gemológico.

Calcite é o mineral principal do calcário, uma rocha sedimentar química extraída principalmente na região da Serra de Aire e Candeeiros, em Portugal. Existem também diversas pedreiras e locais conhecidos pela ocorrência de calcite em Portugal, como a Pedreira do Vidro em Moita do Poço, a Cruz dos Meninos em Estremoz, e as pedreiras do Alto da Serra e Cabeça da Chã em Rio Maior.

Para além da jazida das Granadas de Belas, também podem ser encontradas em Vila Praia de Âncora em Caminha, e um pouco por todo o território desde Braga até Beja.
No Monte Suímo a extração de "carbúnculos" (nome antigo para granadas rubras) eram extraídos de um solo argiloso seco e duro, o que poderia indicar escombreiras de explorações precedentes.
Atualmente, as granadas rubras de Belas não têm mais do que dois ou três milímetros, e o acesso à mina é condicionado (Área Militar) sendo possível encontrar pequenos espécimes nas escombreiras fora dessa área. Granadas ocorrem em basaltos filonianos do Complexo Vulcânico de Lisboa-Mafra. As granadas compreendem um grupo de minerais que inclui Almandina (Espinho - Porto; Bragança), Andradite (Monforte - Portalegre), Grossulária, Piropo, Espessartite (Almeida - Guarda) e Uvarovite. Aparecem como minerais acessórios numa vasta gama de rochas, como granitos, gnaisses, micaxistos, mármores, serpentinas e peridotitos. A percentagem de granadas com qualidade gemológica em Portugal é limitada, sendo raros os exemplares de grande dimensão e cor intensa. Por vezes os minerais encontrados nesta minas são entre eles confundidos, pois também são encontrados ali Zircão, Magnetite, Kaersutite, Piroxênio, Cornalina e o Piropo, todos muito parecidos.

A qualidade da Opala é determinada pela regularidade do empacotamento das suas esferas de sílica. Embora haja opalas em Portugal, não há informações sobre a ocorrência de opala de qualidade gema em Portugal. As opalas mais comuns em Portugal são de cor verde, vermelho e amarelo, nas variedades Opala cereja (cherry opal), Hialite que é uma opala transparente, e podem ser encontradas no Continente nos Açores e na Madeira. Muitas vezes Opalas são confundidas com Calcedônias e as mais belas variedades de opalas comuns em Portugal são encontradas em Serpa, no Baixo Alentejo onde estas são frequentemente encontradas como massas de Opala com Calcedónia, por vezes com inclusões de Malaquite e Crisocola. Outra importante jazida de opala em Portugal encontra-se em Trás-os-Montes, perto de Macedo de Cavaleiros, onde a opala aparece em filões hidrotermais de pequena espessura.

Libethenite, Vila Viçosa
A Libethenite, um mineral de fosfato de cobre hidróxido raro e de um verde escuro impressionante, pode ser encontrado em Portugal, nomeadamente na Mina Miguel Vacas, em Conceição, Vila Viçosa, Évora. Embora a descoberta original da libetenite tenha ocorrido na Eslováquia, a sua presença em Portugal, especialmente na Mina Miguel Vacas, é considerada uma raridade e um material de coleção valioso.

O sal-gema (cloreto de sódio), embora não seja uma gema preciosa no sentido tradicional, é um mineral de grande importância económica e geológica em Portugal. As minas de sal-gema, como a de Loulé, são extensas, com galerias que se estendem por 45 quilómetros a 230 metros de profundidade, testemunhando a presença de um antigo mar salgado há 230 milhões de anos. Esta mina é única no país pela sua extração em túneis e tem sido um foco de projetos de turismo mineiro, visando a sua reutilização como espaço expositivo, museológico e pedagógico. Outras concessões de sal-gema existem em locais como Carriço e Matacães. A presença de sal-gema é um exemplo de como a geologia de Portugal, incluindo a formação de materiais evaporíticos durante o Triássico, contribuiu para a sua riqueza mineral.
O “Sal de Rio Maior” e “Flor de Sal de Rio Maior” o sal de fonte salina situado em Rio Maior onde é obtido através de colheita manual, a partir do processo natural de precipitação de águas salinas subterrâneas, constituído por água, cloreto de sódio e outros sais minerais e oligoelementos, exclusivamente provenientes dessa água.

Gemas em Portugal, conclusões:
Em suma, a "ocorrência de gemas em Portugal" deve ser compreendida não apenas como a presença física de minerais no solo, mas também no contexto da sua exploração histórica, das influências comerciais globais, do desenvolvimento de uma infraestrutura gemológica e do crescente reconhecimento do seu valor cultural e turístico. O futuro do setor passa pela contínua investigação geológica, pela clarificação de quadros legais para a exploração de gemas e pela promoção sustentável do rico, embora por vezes discreto, património mineralógico de Portugal.


Onde encontrar diamantes em Portugal:
NÃO há diamantes nativos em Portugal

A pedra da Sopa da Pedra

Sopa da pedra e outros pratos "petruscomestíveis"

Sim, é uma sopa que se faz com uma pedra dentro, mas a pedra não se come.
A pedra da Sopa da Pedra

Não, a pedra não tem sabor, na verdade ela é colocada no fundo do tacho apenas para manter a temperatura da sopa até quase ao fim, de outra forma, a sopa ficaria fria mais rápido.

A pedra deve ser um seixo de quartzo ou quartzito que é usado para fazer a próxima e por ai vai.

Em grande parte, os quartzitos são seixos rolados abundantes nos planaltos e terraços fluviais ribatejanos, onde depois de bem lavados vão ao fundo da terrina que, em Almeirim, vai à mesa no fundo do tacho da “sopa da pedra”.

Mas de onde vem a história da Sopa da Pedra?
A lenda da sopa da pedra você pode ler no link a seguir, mas a verdade é que o uso de pedras para aquecimento vai muito além disto, seja para aquecer água ou outros alimentos é uma prática tão antiga que remonta até mesmo antes da descoberta do próprio fogo.
Nos primórdios o Homo Sapiens não só usava pedras para fazer armas mas também aquecia seixos de pedras ao sol para vários fins, seja mesmo para aquecimento de cavernas ou apenas relaxa e aliviar dores.

Então, desde o tempo da Idade da Pedra o Homem usa a pedra para várias atividades e uma delas é o aquecimento de alimentos.

Veja mais sobre:
História da Culinária na Idade da Pedra

Outros pratos feitos com pedras ou minerais
嗦丟 - Suodiu
Suodiu (嗦丟) é um dos pratos mais estranhos comidos na China, e não, não é um animal mas é um prato que está agora muito na moda ocidental.
Quando você pensa que já viu de tudo, há coisas que te surpreendem. Suodiu é um prato (street food) que é comido na China, e não, não é nem mesmo um animal estranho ou uma planta não comestível, mas sim, pedras.

O Soudi são seixos de pedras roladas de rio onde as pedras são "fritas" e condimentadas com algumas especiarias. No entanto, igualmente a Sopa da Pedra, os seixos não são comidos mas sim, chupados e descartados.

Suodiu não é exatamente o que você ou eu imaginaríamos, na verdade. Não é que as pessoas cozinhem pedras ou as mastiguem cruas, elas apenas as usam como sabor em uma sopa. As rochas utilizadas neste prato não são quaisquer rochas típicas, mas sim pequenos seixos de rochas normalmente encontradas em ribeiras ou rios de água doce, ou onde se encontram abundantes peixes ou vida marinha.

Galette ou bonbon tè
Biscoito de Lama, o único mineral que se come.
Galette ou bonbon tè
Quando se fala em literalmente "comer um mineral", há que se lembrar dos Biscoitos de lama do Haiti.
Sim, há um biscoito que é feito a partir de lama e que se come.
Primeiro, a lama vem de perto da cidade de Hinche, ela é coada para remover pedras e aglomerados. Em seguida, a lama é misturada com sal e gordura vegetal ou gordura animal. Em seguida, é formado em discos planos e posto para secar ao sol. O produto acabado é vendido no mercado ou nas ruas.

Devido ao seu conteúdo mineral, os biscoitos de barro são tradicionalmente usados ​​como suplemento alimentar para mulheres grávidas e crianças. Os haitianos acreditam que eles contêm cálcio, que pode ser usado como antiácido e para nutrição, mas isso é contestado por médicos que alertam sobre cáries, constipação e coisas piores.

Ai estão algumas curiosidades das pedras "que se comem".

NOTA:
O termo: pratos "petruscomestíveis" usado por mim aqui é apenas contextual, sendo que:
O termo para o consumo compulsivo e repetitivo de substâncias não alimentícias, como pedras, é Alotriofagia ou Síndrome de Pica.


RECEITA DA SOPA DA PEDRA


Outras fontes:

Geologia de Gemas em Portugal

O setor de minerais em Portugal, incluindo aqueles com potencial gemológico, é moldado por um quadro legal, instituições de pesquisa e desafios específicos de exploração.
Geologia de Gemas em Portugal e Legislação

Legislação e Concessões
Um aspeto crucial para a ocorrência e exploração de gemas em Portugal é a situação legal. As legislações relativas aos recursos geológicos são, em grande parte, omissas quanto à possibilidade de concessão mineira especificamente para gemas. Esta lacuna legal pode limitar o desenvolvimento formal e a exploração comercial em larga escala de depósitos de gemas nativas, relegando muitos achados a "curiosidades para colecionadores".

No entanto, alguns minerais com potencial gemológico, especialmente aqueles de proveniência pegmatítica, podem ser descobertos e valorizados como subprodutos de lavras dirigidas a outras substâncias. Por exemplo, a exploração de lítio, um mineral estratégico, em depósitos de espodumena e petalite em Portugal , pode incidentalmente levar à descoberta e aproveitamento de variedades de gema desses minerais.

Instituições e Pesquisa
O Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) desempenha um papel central na investigação e documentação dos recursos geológicos de Portugal. O seu GeoPortal (SIORMINP) oferece acesso a bases de dados cruciais, como a GEOBASES (coleções de rochas, minerais e fósseis), a TECNIBASE (relatórios técnicos não publicados de prospeção e pesquisa mineira) e a Base de Dados do Museu de Jazigos Minerais Portugueses. Este repositório de informações é vital para compreender a distribuição e o potencial dos recursos minerais, incluindo aqueles com interesse gemológico. O LNEG também elaborou um mapa de áreas potenciais para recursos minerais, que inclui grupos como "quartzo, feldspato, lítio e berílio", indicando um reconhecimento estratégico do potencial destes minerais. O Museu Geológico do LNEG possui a mais importante coleção nacional de amostras sobre a geologia, mineralogia e arqueologia pré-histórica do território português.

A nível académico, a Universidade do Porto, através do seu Museu de História Natural e da Ciência (MHNC-UP), organiza exposições como "Gemas, Cristais e Minerais", que exibem mais de 470 peças e apoiam aulas práticas e atividades de investigação. Esta iniciativa demonstra um forte interesse académico e público na mineralogia e geologia de Portugal.

Adicionalmente, a existência de um Laboratório Gemológico independente em Portugal, como o GemsValue (desde 2010), especializado em formação, investigação e certificação de autenticidade de joias e pedras preciosas, reflete o amadurecimento do setor gemológico no país, focando na valorização e confiança do mercado.

Desafios e Potencial de Exploração
A prospecção de depósitos pegmatíticos, que são importantes fontes de gemas, pode ser desafiadora devido às características das rochas hospedeiras, dificultando a aplicação de métodos geofísicos e geoquímicos. A identificação de jazigos requer a análise de parâmetros como tom, textura, cor, forma e tamanho, complementada por cartografia geológica detalhada.

A viabilidade económica da extração de gemas em Portugal também enfrenta a concorrência global. O exemplo da extração de tungsténio, que se tornou não rentável devido à oferta estrangeira mais barata , ilustra um princípio que se aplica igualmente às gemas. Mesmo que existam depósitos, a sua exploração pode ser limitada se gemas de maior qualidade ou mais baratas estiverem disponíveis de grandes produtores globais, como o Brasil.

Apesar destes desafios, há sinais de potencial. A Região Norte de Portugal, por exemplo, é um hotspot mineralógico, com mais de 800 depósitos conhecidos, muitos associados à orogenia Varisca. Esta diversidade sugere um potencial significativo para a descoberta de novas ocorrências de minerais, incluindo aqueles com valor gemológico. Além disso, a prospecção ativa de metais preciosos, como o ouro no Algarve, autorizada pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), pode levar a descobertas incidentais de minerais gemológicos como subprodutos.

Significado Económico e Cultural
A ocorrência e o comércio de gemas em Portugal têm um significado económico e cultural multifacetado, que transcende a mera extração.

Joalharia e Artesanato
A joalharia portuguesa possui uma tradição rica e distintiva, com destaque para a técnica da filigrana, reconhecida como património imaterial pela UNESCO. As joias portuguesas são aclamadas pela sua excelência, frequentemente utilizando ouro de 19.2 quilates. No entanto, esta tradição foi moldada, em grande parte, pela importação de gemas. A riqueza trazida pelos Descobrimentos permitiu a uma classe nobre ostentar joias com pedras do Oriente e das Américas, como diamantes, safiras e rubis. A coleção "Minas Novas" da Portugal Jewels, por exemplo, reflete a influência das gemas brasileiras, como o "Cristal Rocha" (quartzo incolor), que revolucionaram o conceito de joia em Portugal.

A distinção entre a origem da gema e o local de fabrico da joia é crucial. Muitas peças de joalharia "Made in Portugal" são valorizadas pela mestria artesanal e pelo design, mas as gemas incorporadas são frequentemente importadas. O mercado português de minerais e cristais, como evidenciado por empresas como a Mineralia Portugal, oferece uma vasta diversidade de produtos, mas a maioria dos exemplos de minerais específicos listados são de proveniência internacional (e.g., ametista do Uruguai, quartzo citrino do Brasil).
A valorização das raízes da ourivesaria portuguesa aliada às pedras preciosas seria a de criar uma identidade nacional com o uso de pedras nacionais lapidadas cravadas nas joias e na filigrana.

O artesanato com pedras naturais em Portugal também se manifesta em diversas formas, desde joias artesanais que fundem a arte da joalharia com o simbolismo da natureza até objetos decorativos e utilitários que utilizam pedras e minerais.

Geoturismo e Valorização do Património
Portugal tem vindo a desenvolver um forte foco no geoturismo, valorizando o seu tesouro geológico único e promovendo a sua conservação. O "Roteiro das Minas e Pontos de Interesse Mineiro e Geológico de Portugal" é uma iniciativa que promove diversos locais com enquadramento institucional e apoio à interpretação, com o objetivo de divulgar a atividade mineira e a geologia, e aproveitar o seu potencial para o desenvolvimento local através do turismo.

Portugal possui cinco Geoparques Mundiais da UNESCO (Naturtejo, Estrela, Terra de Cavaleiros, Açores e Arouca). Estes geoparques oferecem experiências enriquecedoras, geridas com base em princípios de proteção, educação e desenvolvimento sustentável, posicionando Portugal como um líder em geoturismo responsável.

A Mina de Sal-gema de Loulé é um exemplo paradigmático desta valorização. Após anos de intensa exploração industrial, a mina foi abraçada como um projeto de turismo mineiro, o "Sal da Terra", que inclui um museu, um centro de interpretação e até a criação de um hotel e SPA subterrâneos. Esta iniciativa inovadora demonstra uma estratégia de adaptação económica e sustentabilidade, transformando um recurso industrial num polo de atração turística e pedagógica.

Outro exemplo é o Museu do Quartzo em Viseu, instalado numa antiga cratera de exploração de quartzo. Este museu é um centro interativo que explora o património geológico e natural da região, com uma forte vertente pedagógica e exposições temporárias de mineralogia. A "Rota do Quartzo" oferece uma viagem que conjuga património religioso, histórico e cultural com geologia e paisagem, destacando a beleza e utilidade deste mineral abundante em Portugal.

Apesar destes desenvolvimentos, o "turismo gemológico" como categoria distinta ainda não é um foco principal nos portais oficiais de turismo de Portugal. No entanto, a integração de locais com interesse mineralógico e geológico em roteiros de geoturismo mais amplos contribui para a valorização do património natural do país e para a educação do público sobre a sua riqueza geológica.

Conclusões
peridot - Azores
A ocorrência de gemas em Portugal é um tema com profundas raízes históricas e geológicas. Embora o território nacional não seja reconhecido por depósitos de grande volume de gemas preciosas de alto valor, como diamantes ou rubis (que foram e continuam a ser maioritariamente importados, moldando a joalharia portuguesa), possui uma diversidade de minerais com potencial gemológico e ornamental.

Os quartzos, incluindo o quartzo leitoso, cristalino e o jaspe, são os minerais mais abundantes e amplamente distribuídos em Portugal. As formações pegmatíticas, concentradas no Norte e Centro do país, representam um ambiente geológico crucial para a ocorrência de minerais como berilo, petalite, espodumena, turmalina, apatite e lazulite-scorzalite, muitos dos quais podem apresentar qualidade de gema, ainda que muitas vezes como subprodutos de explorações de outros minerais, como o lítio. As granadas de Belas e os "calaítes" da pré-história são testemunhos da exploração local de gemas ao longo da história. Nas formações vulcânicas dos Açores ocorrem minerais do grupo das Olivinas como o Peridoto que é a gema mais evidente nas ilhas, além de Ágata dendrítica, olivinas em areia, augita, obsidiana e olivinas em basalto.


Notas:
A legislação portuguesa, ao ser omissa quanto à concessão mineira específica para gemas, pode limitar o desenvolvimento de uma indústria extrativa dedicada. No entanto, o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) e outras instituições académicas desempenham um papel fundamental na pesquisa, documentação e divulgação do património mineralógico.

Economicamente, a joalharia portuguesa destaca-se pela sua mestria artesanal e design, mas depende em grande parte da importação de gemas. Contudo, o crescente investimento no geoturismo, exemplificado pela Mina de Sal-gema de Loulé e pelo Museu do Quartzo, demonstra uma estratégia eficaz para valorizar o património geológico e mineral do país, transformando antigos locais de exploração em polos de atração turística e educação.

Em suma, a "ocorrência de gemas em Portugal" deve ser compreendida não apenas como a presença física de minerais no solo, mas também no contexto da sua exploração histórica, das influências comerciais globais, do desenvolvimento de uma infraestrutura gemológica e do crescente reconhecimento do seu valor cultural e turístico. O futuro do setor passa pela contínua investigação geológica, pela clarificação de quadros legais para a exploração de gemas e pela promoção sustentável do rico, embora por vezes discreto, património mineralógico de Portugal.