Ouro Nativo em Portugal


O ouro, um metal precioso que fascina a humanidade desde tempos imemoriais, possui uma história rica e complexa em Portugal. A sua exploração no território português remonta a períodos muito antigos, mas foi durante o domínio romano que atingiu uma escala industrial sem precedentes, deixando um legado mineiro que ainda hoje é visível e estudado.

A exploração mineira em Portugal tem raízes profundas, com evidências arqueológicas que datam da Idade do Bronze e da Idade do Ferro. No entanto, foi com a chegada dos Romanos à Península Ibérica, após a expulsão dos cartagineses na Segunda Guerra Púnica (206 a.C.), que a mineração de ouro no território português conheceu o seu apogeu. O interesse de Roma pelos recursos minerais da península era estratégico, e o noroeste hispânico, incluindo partes do atual Portugal, tornou-se um alvo principal devido à abundância de depósitos auríferos.
Os Romanos aplicaram e desenvolveram técnicas de exploração extremamente avançadas para a época, que ainda hoje impressionam pela sua precisão e espetacularidade. A extração de ouro era realizada tanto em depósitos primários (em rocha) quanto em depósitos secundários (aluviões e coluviões).

Portugal foi palco de importantes explorações auríferas romanas, com complexos mineiros que se destacaram pela sua dimensão e engenharia. Entre os exemplos mais notáveis encontram-se:
Tresminas (Vila Pouca de Aguiar): Considerado um dos mais importantes complexos mineiros de ouro do Império Romano, Tresminas foi intensamente explorado nos séculos I e II d.C. As minas de Tresminas exploravam ouro, prata e chumbo, utilizando métodos a céu aberto (cortas) e galerias subterrâneas com entivação em madeira.

Poço das Freitas (Boticas): Outro exemplo de antiga exploração aurífera romana, que, juntamente com Tresminas, foi convertido em património arqueológico e mineiro.

Minas de Castromil (Paredes): Estas minas exploravam um depósito mineral localizado geologicamente no contacto entre metassedimentos (xistos, grauvaques) e outras formações. As minas de Castromil e Banjas, também em Paredes, são exemplos de explorações romanas significativas.

Fojo das Pombas (Valongo): Este complexo mineiro romano em Valongo é um dos locais onde se desenvolveram metodologias de avaliação de riscos associados às cavidades mineiras deixadas pelos romanos, evidenciando a sua importância histórica e o desafio da sua preservação.
Estas minas, atualmente desativadas, são reconhecidas como Património Arqueológico e Mineiro, sendo cruciais para a compreensão da história da mineração em Portugal e na Península Ibérica.

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A exploração de ouro em Portugal, especialmente durante o período romano, focou-se em dois tipos principais de depósitos:
Ouro de Montemor_o_Novo em Évora

Depósitos Primários (em rocha): Nestes depósitos, o ouro não se encontra livre, mas sim associado a sulfuretos e óxidos de ferro em filões de quartzo. A exploração podia ser a céu aberto, quando os filões afloravam à superfície, ou subterrânea, seguindo as estruturas mineralizadas em profundidade. As minas subterrâneas, localmente designadas por 'fojos', integravam galerias, estruturas hidráulicas, canais de drenagem e poços. A morfologia subvertical destes depósitos permitiu uma rápida evolução das explorações romanas em profundidade.

Depósitos Secundários (aluviões e coluviões): O ouro nestes depósitos é livre e resulta de processos erosivos que transportaram o ouro dos filões primários para depósitos em encostas (coluviões) ou em leitos de rios (aluviões). A extração nestes depósitos era feita através de técnicas de lavagem, como o uso de bateias, que separavam o ouro dos sedimentos pela diferença de densidade.
Embora o documento forneça detalhes sobre a exploração e processamento do ouro, não especifica variedades distintas de ouro nativo encontradas em Portugal, além de mencionar a sua ocorrência em filões de quartzo e depósitos aluvionares. A pureza do ouro nativo pode variar, mas o documento foca-se mais nos métodos de extração e concentração do que nas características mineralógicas específicas das variedades de ouro.

Recentemente, uma equipa de investigadores espanhóis confirmou a existência de antigas minas de ouro romanas na Região Centro de Portugal, nomeadamente no distrito de Castelo Branco. Estas descobertas, realizadas através de teledeteção aérea e tecnologia LiDAR, revelam a verdadeira dimensão do complexo mineiro romano na Lusitânia, posicionando-a como uma das principais zonas produtoras de ouro do Império Romano.
As minas localizam-se fundamentalmente no vale do Tejo e nos seus afluentes, como o Erges, o Ponsul, o Ocreza e o Zêzere. Uma grande área mineira foi também documentada no vale do rio Alva, até então quase desconhecida, albergando uma das maiores concentrações de explorações auríferas romanas em Portugal. As escavações no conjunto mineiro do Covão do Urso e Mina da Presa, em Penamacor, demonstraram que as minas estiveram em funcionamento entre os séculos I-III d.C.

Em Portugal, o ouro nativo é frequentemente encontrado sob a forma de electrum, uma liga natural de ouro e prata. Nas Minas de Ouro de Castromil, por exemplo, o electrum ocorre em partículas microscópicas (cerca de 20µm), aprisionadas principalmente nas microfraturas da pirite ou englobadas em óxidos secundários resultantes da oxidação dos sulfuretos. Este tipo de ocorrência demonstra que o ouro não se apresenta sempre na sua forma pura, mas sim como uma liga com outros metais, sendo a prata o mais comum.
Embora o documento não detalhe outras variedades específicas de ouro nativo em Portugal, a presença de electrum é um aspeto importante da mineralogia aurífera do país, refletindo a complexidade dos processos geológicos que levaram à sua formação.

Imagem de Ouro Nativo de Portugal
ouro de Portugal

Galerias de Minas Romanas em Portugal



Conclusão
A história do ouro nativo em Portugal é um testemunho da riqueza geológica do país e da engenhosidade humana ao longo dos séculos. Desde as explorações rudimentares da Idade do Bronze até à sofisticada engenharia romana, o ouro desempenhou um papel crucial na economia e na cultura do território. As minas romanas, como Tresminas e Castromil, são marcos históricos que revelam a escala e a importância da atividade mineira na antiguidade. A presença de depósitos primários e secundários, e a ocorrência de electrum, sublinham a diversidade dos recursos auríferos portugueses. Embora a exploração em larga escala tenha cessado há muito, o legado do ouro nativo em Portugal continua a fascinar investigadores e entusiastas, mantendo viva a memória de uma era dourada.



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Outras fontes:

GeoPortal (SIORMINP) OURO:

Apanha de Inertes em Portugal, legislação

Apanha de Inertes em Portugal: O que Mudou e Porquê

Para evitar multas por apanhar "inertes" (areia, pedras, conchas, etc.) em praias de Portugal, não os retire da praia, pois são bens públicos e a sua extração não autorizada, é ilegal, como estabelecido na Lei das Costas. Embora a extração de um ou dois itens como lembrança (como por exemplo conchas pequenas) possa não ser ativamente perseguida, mas mesmo assim é uma infração que constitui um delito.
Apanha de Inertes em Portugal, legislação

A regra é clara: 
Não retire elementos naturais da praia: Conchas, areia, pedras, moluscos, fósseis e outros elementos são considerados bens do domínio público e o seu levantamento é proibido por lei.


Conchas marinhas, fósseis, areia, calhaus e rochas
Portugal, com a sua costa atlântica e rios majestosos, sempre despertou a curiosidade e o gosto pela recolha de elementos naturais. Desde pedras polidas pelo mar a conchas de cores variadas, a apanha de inertes, "materiais geológicos como areias, calhaus rolados e rochas", foi, para muitos, uma atividade recreativa inofensiva. No entanto, as leis em Portugal têm vindo a apertar o cerco a esta prática. Mas o que motivou estas restrições e o que significam para quem gosta de passear e colecionar?
Apanha de Inertes em Portugal, legislação

O que são Inertes e Porquê a Proibição?
Inertes são, essencialmente, materiais geológicos não orgânicos. Nas praias, referimo-nos a areias, seixos, conchas (mesmo as vazias), pedras e calhaus. Nos rios, a areia e pedras do leito são também consideradas inertes.

A proibição da apanha de inertes não é uma medida para "estragar a diversão". É, acima de tudo, uma questão de preservação ambiental e ecológica. A remoção contínua e indiscriminada destes materiais, mesmo em pequenas quantidades por pessoa, tem um impacto cumulativo significativo.

Erosão Costeira e Fluvial: A areia e os calhaus são uma defesa natural contra a erosão, protegendo as costas e as margens dos rios da força das águas. A sua remoção acelera este processo, tornando as áreas mais vulneráveis.

Habitat de Espécies: Inertes como as conchas e as pedras são parte integrante do habitat de inúmeras espécies marinhas e terrestres. Pequenos organismos, insetos e até algumas aves dependem destes elementos para alimentação, abrigo e reprodução. A sua remoção destrói ecossistemas delicados.

Equilíbrio Natural: Cada elemento na natureza tem um papel. A remoção de inertes, em larga escala, pode desequilibrar ecossistemas inteiros, com consequências a longo prazo que ainda estamos a tentar compreender.


O Que Diz a Lei em Portugal?
Apanha de Inertes em Portugal, legislação

A legislação portuguesa, nomeadamente através da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e das Capitanias dos Portos, é clara: a apanha de inertes nas praias e leitos dos rios para fins não autorizados é proibida. Embora a lei possa ser mais permissiva para pequenas quantidades para uso pessoal e recreativo em algumas zonas, a regra geral é que qualquer remoção de areia, calhaus, conchas e outros elementos naturais sem licenciamento específico pode resultar em coimas.

As coimas podem variar significativamente dependendo da quantidade, do local e da finalidade da apanha, podendo atingir valores consideráveis. As autoridades, como a Polícia Marítima e a GNR (através do SEPNA), fiscalizam ativamente estas áreas.


Impacto nas Praias e Rios Portugueses
Muitas das nossas praias e zonas costeiras estão já sob ameaça de erosão. A remoção contínua de areia e seixos, mesmo que em pequenas quantidades diárias, agrava este problema. Pensemos no areal da Praia da Rocha no Algarve ou nas praias da Costa da Caparica, que já necessitaram de obras de reposição de areia.

Legenda: As placas de "Zona Interdita" são cada vez mais comuns em zonas costeiras, alertando para a fragilidade destes ecossistemas.


O Que Podemos Fazer?
A melhor forma de desfrutar da beleza natural de Portugal é apreciá-la sem a remover.

Fotografe: Em vez de levar para casa uma concha, tire uma bela fotografia. Terá uma recordação duradoura e não prejudicará o ambiente.

Observe: A natureza oferece espetáculos incríveis. Dedique-se a observar a vida selvagem, as formações rochosas e a paisagem.

Eduque: Partilhe esta informação com amigos e familiares, especialmente com crianças, ensinando-lhes a importância de respeitar e preservar o meio ambiente.


O que pode acontecer se for apanhado? 
É considerado um ato ilegal, punível com multa.

O que pode levar?
Levar uma ou duas conchas como lembrança pode não ser ativamente combatido pelas autoridades, mas não é um ato incentivado pela lei. 
A lei foca-se na retirada principalmente de material geológico, e um volume mais significativo de conchas, por exemplo, pode ser visto como um ato de contraordenação ambiental.
apanha de inertes da praia

Resumindo...
A proibição da apanha de inertes é um lembrete de que somos guardiões da natureza e que as nossas ações, por mais pequenas que pareçam, têm um impacto.
Ao deixar as pedras e as conchas onde as encontramos, estamos a garantir que as futuras gerações também poderão desfrutar da beleza natural intocada das nossas praias e rios.