A Transmutação do Ouro e outros Indicadores

Transmutar Chumbo em Ouro
A transmutação do chumbo em ouro, o antigo sonho dos alquimistas, é, de facto, possível, mas não através de uma fórmula mágica, e sim de um complexo e dispendioso processo de física nuclear como aconteceu no CERN.

A chave está em alterar o número de protões no núcleo atómico. O ouro e o chumbo são elementos diferentes porque têm um número diferente de protões.
Chumbo (Pb): Tem 82 protões no seu núcleo.
Ouro (Au): Tem 79 protões no seu núcleo.
Transmutar Chumbo em Ouro, a alquimia do ouro
Para transmutar o chumbo em ouro, teria de remover três protões do núcleo de um átomo de chumbo.

A Sequência de Transmutação Nuclear
A "sequência" para esta transmutação não é uma receita, mas um processo que só pode ser realizado em laboratórios de alta tecnologia, utilizando um acelerador de partículas ou um reator nuclear.

Bombardeamento Atómico: O chumbo, na sua forma mais pura, teria de ser bombardeado com partículas subatómicas de alta energia (como neutrões ou protões) dentro de um acelerador de partículas.

Decaimento Radioativo: O objetivo é que o impacto das partículas "arranque" protões do núcleo de chumbo. O resultado é um átomo de chumbo instável e altamente radioativo. Este átomo instável decai (emite radiação) em poucos segundos, transformando-se noutro elemento, geralmente bismuto (Bi), que tem 83 protões, por isso teria de decair três vezes para chegar ao ouro.

Conversão em Ouro: Com o bombardeamento correto e o decaimento em cadeia, o núcleo pode finalmente atingir o número atómico 79, transformando-se em ouro. No entanto, este ouro é também radioativo e tem de ser purificado.

Em resumo, a transmutação não é um processo químico, mas sim um processo nuclear extremamente complexo e ineficiente. A quantidade de ouro que se conseguiria produzir seria minúscula e o custo energético e financeiro para o fazer seria astronomicamente superior ao valor do ouro obtido. A transmutação do chumbo para o ouro é, portanto, uma curiosidade científica e muito dispendiosa, não uma solução prática.

Notáveis que já tentaram a transmutação do ouro
notáveis que já tentaram a transmutação do ouro
Muitas figuras históricas famosas, de cientistas a filósofos e até monarcas, dedicaram grande parte das suas vidas à alquimia, e o sonho de transmutar o chumbo em ouro era o seu objetivo final. Para eles, a alquimia não era apenas sobre riqueza material, mas também sobre o domínio dos segredos da natureza e a perfeição da matéria.

Aqui estão alguns dos nomes mais notáveis que se envolveram na busca pela transmutação:
Isaac Newton
Isaac Newton: Conhecido como um dos maiores cientistas da história, Newton dedicou uma parte significativa e secreta da sua vida à alquimia. Ele acreditava que a alquimia, juntamente com a gravidade, era uma chave para desvendar os mistérios do universo.

Paracelso
Paracelso: Médico, astrólogo e alquimista suíço do século XVI, é considerado o pai da toxicologia. Ele defendia a ideia de que o corpo humano era feito dos mesmos elementos da alquimia, e que a saúde poderia ser restaurada através do uso de compostos químicos. Acreditava ser possível purificar os metais e o corpo humano.

Nicolau Flamel
Nicolau Flamel: Este escriba e comerciante de Paris, no século XIV, é uma das figuras mais lendárias da alquimia. A ele foi atribuída a descoberta da Pedra Filosofal e a capacidade de transmutar o chumbo em ouro, embora a sua riqueza real tenha vindo do seu trabalho e de investimentos imobiliários. A sua história popularizou-se ainda mais em obras modernas, como a série de livros Harry Potter.

Robert Boyle
Robert Boyle: Conhecido como um dos fundadores da química moderna, Boyle também praticou alquimia. Ele estava particularmente interessado na "multiplicação do ouro", ou seja, na possibilidade de aumentar a quantidade de ouro a partir de uma pequena quantidade inicial, o que era um dos objetivos da alquimia. Ele esteve, na óptica da geologia, mais perto de o conseguir.

Jabir ibn Hayyan (Geber)
Jabir ibn Hayyan (Geber): Considerado o "pai da química" para o mundo islâmico, este erudito do século VIII desenvolveu inúmeros equipamentos de laboratório e processos químicos que seriam a base da química moderna. A sua alquimia focava na transmutação como um processo de purificação espiritual.


Como Aconteceu a Transmutação no CERN
A transmutação de chumbo em ouro é um feito que já foi alcançado no CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), mas não da forma como os alquimistas sonharam. Foi um subproduto de experiências de física de partículas de alta energia, e não uma experiência dedicada a criar riqueza.

Chumbo transformado em Ouro:
O feito ocorreu no Grande Colisor de Hádrons (LHC), o maior acelerador de partículas do mundo. O processo é um ato de pura física nuclear, completamente diferente dos métodos da alquimia. A chave está em alterar o número de protões no núcleo atómico. O chumbo tem 82 protões, enquanto o ouro tem 79. Para converter o chumbo em ouro, três protões têm de ser removidos do seu núcleo.

A Experiência ALICE: Um dos experimentos no CERN, chamado ALICE (A Large Ion Collider Experiment), estuda as colisões de iões pesados, como o chumbo. Entre 2015 e 2018, em vez de colidir diretamente, alguns iões de chumbo passaram muito perto uns dos outros, gerando campos eletromagnéticos intensos.

A Transmutação: Em raras ocasiões, estes campos eletromagnéticos foram fortes o suficiente para ejetar protões dos núcleos de chumbo. Nesses momentos, e por uma fração de segundo, os núcleos de chumbo que perderam exatamente três protões transformaram-se em núcleos de ouro.

O Resultado e o Significado:
Apesar do sucesso, a experiência não é nada parecida com o sonho de enriquecer. A quantidade de ouro criada é ínfima. Entre 2015 e 2018, estima-se que foram criados cerca de 86 mil milhões de núcleos de ouro, o que parece um número enorme, mas a massa total obtida foi de apenas 29 trilionésimos de grama, uma quantidade invisível a olho nu e sem qualquer valor comercial.

O objetivo principal desta pesquisa no CERN não é a produção de ouro, mas sim a compreensão fundamental da estrutura da matéria e das forças que atuam no núcleo atómico. A experiência, embora tenha concretizado o antigo sonho da alquimia, serve como uma prova do poder da física moderna e uma demonstração da complexidade da transmutação nuclear.


A verdadeira transmutação do ouro é muito difícil, mais fácil é o crescimento do ouro a partir do chamado "ouro virgo, aourum ou ouro mãe", um ouro extraído de pepitas de crescimento de ouro natural


Oficina70 e a transmutação do ouro
Há anos também estudo as possibilidades, embora com uma visão diferente, a do crescimento do ouro.
oficina 70
Embora, desprovido de recursos e materiais, ainda sou daqueles poucos que pensa na possibilidade do crescimento e cristalização do ouro, e vou explicar o porque.

Principais diferenças entre ouro cristalizado e pepitas comuns:
O ouro cristalizado se forma em cavidades abertas no subsolo, criando padrões geométricos definidos. Em contraste, as pepitas de ouro resultam da erosão de rochas auríferas, com seu formato influenciado pelo transporte de água e abrasão.

O que diz a geologia:
Embora a ideia de que o ouro "cresce" seja popular, na geologia, o termo correto para a sua formação é diferente.

O ouro, como um elemento nativo, não "cresce" da mesma forma que um cristal de quartzo ou que um ser vivo. Ele não aumenta de massa adicionando átomos à sua estrutura. Em vez disso, o ouro é concentrado por processos geológicos.

Como o Ouro é Formado na visão Geológica: Pepita comuns
O ouro é um metal nobre e muito estável que se forma nas profundezas da Terra, geralmente em veios de quartzo.

Formação Hidrotermal: O processo mais comum envolve a água subterrânea superaquecida. Essa água dissolve o ouro e outros minerais de rochas circundantes.

Deposição: À medida que a água sobe para a superfície e arrefece, a sua capacidade de manter o ouro dissolvido diminui. O ouro precipita-se para fora da solução e deposita-se em fissuras e fendas das rochas, formando os veios.

O que se vê como um pedaço de ouro ou um veio "a crescer" é, na verdade, a acumulação de átomos de ouro que estavam dispersos, sendo depositados e concentrados num só local.

Então, enquanto um cristal de sal ou de quartzo pode "crescer" camada por camada a partir de uma solução, o ouro simplesmente é concentrado em depósitos através da ação do calor, da água e da pressão ao longo de milhões de anos. O ouro em si não aumenta de massa, ele é apenas agrupado pela natureza.

Como o Ouro é Formado na visão Geológica: Ouro cristalizado
cristalized gold from Brazil
O ouro cristalizado é uma forma rara e requintada de ouro natural que se forma em condições geológicas específicas. Nas profundezas da Terra, o ouro cristaliza em cavidades abertas, frequentemente ao lado de minerais como o quartzo. Esse processo permite que o ouro se desenvolva em formas distintas e simétricas, como cubos, octaedros ou padrões dendríticos, onde os galhos se assemelham a estruturas semelhantes a árvores. Cada espécime é único, exibindo a intrincada arte da natureza.

A raridade do ouro cristalizado é incomparável, visto que apenas uma pequena fração do ouro do mundo existe nessa forma, menos de 0,01%. Além de seu apelo visual, o ouro cristalizado possui importância geológica, oferecendo insights sobre as condições da crosta terrestre durante sua formação.


A bactéria que secreta ouro
Cupriavidus metallidurans, a bactéria que secreta ouro
Sobre os estudo da Cupriavidus metallidurans, uma bactéria amplamente estudada e que secreta ouro, literalmente.
A descoberta de que a bactéria Cupriavidus metallidurans pode "criar" ouro é, de facto, uma exceção fascinante à regra geral da formação mineral que foi mencionada anteriormente.

O que esta bactéria faz não é o mesmo que o processo de acumulação geológica. É um processo de biomineralização, ou seja, a formação de minerais através de uma reação biológica.


O Mecanismo de Defesa da Bactéria
O processo é essencialmente uma estratégia de sobrevivência. O ouro que existe na natureza, em sua forma solúvel (como o cloreto de ouro), é extremamente tóxico para a maioria das formas de vida, incluindo as bactérias. No entanto, a Cupriavidus metallidurans evoluiu para viver em ambientes contaminados com metais pesados.

O seu "milagre" acontece em duas etapas:
Ingestão de Toxinas: A bactéria absorve o cloreto de ouro tóxico do ambiente, juntamente com outros metais pesados.

Transformação para Sobrevivência: Para se desintoxicar, ela usa enzimas para converter o composto de ouro solúvel e tóxico em nanopartículas de ouro metálico. O ouro metálico é inerte e não tóxico para a bactéria.

O resultado é a precipitação de pequenas partículas de ouro puro. Com o tempo, estas nanopartículas podem acumular-se e formar os chamados "grãos de ouro biogénico" que, em escala geológica, podem contribuir para a formação de pepitas maiores.

No entanto, bactéria não cria o ouro a partir do nada, mas precipita-o através de um processo biológico engenhoso, mostrando como a vida pode influenciar os processos geológicos de forma notável.

Ok, então você ainda está cético quanto ao crescimento do ouro?
Sem problemas, respeito a sua opinião, mas é preciso um conhecimento muito mais abrangente sobre tudo isto que envolve o ouro.

A seguir esta mais um estudo sobre o ouro que pode desconhecer:

Plantas indicadoras de ouro
O ouro não cresce por si só como um ser vivo, mas certas plantas, como os eucaliptos na Austrália, acumulam micropartículas de ouro em suas folhas e tecidos, que foram absorvidas por suas raízes profundas no solo rico em ouro. Este fenômeno permite que os cientistas usem a vegetação como um "mapa natural" para localizar depósitos de ouro no subsolo, tornando a exploração mais eficiente e sustentável.

Como funciona o processo
Absorção pelas raízes: As raízes profundas dos eucaliptos, que podem atingir até 40 metros, alcançam depósitos de ouro no subsolo.
Transporte do metal: Ao absorver água e nutrientes, as plantas também absorvem o ouro.
Acúmulo nas folhas: O ouro, que é tóxico para as árvores, é transportado para suas extremidades, as folhas, onde a concentração é maior.

Aplicações práticas
Exploração mineral:
A descoberta permite o desenvolvimento de novas tecnologias de mineração que usam a bio-indicadores (plantas que indicam a presença de minerais) para localizar jazidas de ouro de forma mais econômica e ecológica.

Indicador biológico
As plantas servem como um "mapa natural", revelando áreas onde o ouro está presente no subsolo, sem a necessidade de escavar grandes áreas.

Exemplos de plantas que podem ser usadas como indicadoras:
Eucalipto (Austrália):
Ocupa o solo rico em ouro com suas raízes profundas e acumula micropartículas de ouro nas folhas, segundo estudos.
Artemísia (Estados Unidos):
Tradicionalmente usada por garimpeiros, a artemísia absorve ouro e o acumula nas raízes e caules.
Essa planta pode crescer em solos com depósitos de ouro e prata, sendo um indicador para garimpeiros, de acordo com a fonte, segundo o YouTube.
Um fungo que pode transformar micropartículas de ouro em ouro sólido e acumula-o em sua superfície, de acordo com a fonte, segundo o Instagram.


Leia mais sobre "plantas que indicam ouro:

Animais, plantas e insetos indicadoras de ouro:
Animais, plantas e insetos indicadoras de ouro



Fontes:
https://goldbay.com/blogs/news/what-makes-crystallized-gold-unique-from-regular-nuggets
https://robloxislands.fandom.com/wiki/Crystallized_Gold
https://clickpetroleoegas.com.br/chuva-de-ouro-vulcao-ativo-esta-fazendo-cair-ouro-cristalizado-do-ceu-diariamente-ele-libera-cerca-de-80-gramas-do-metal-precioso/

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