O ouro romano de Portugal

Minas de Ouro Romanas em Portugal
A riqueza e a opulência da Península Ibérica são exaltadas na literatura latina, e foi continuamente explorada pelas suas valiosas jazidas minerais.
Hoje, minas abandonadas das épocas romana e pré-romana podem ser encontradas em todo Portugal; os mais significativos são o vale do Tejo, o Vale do Ceira e outras áreas do norte de Portugal.
minas de ouro romanas em Portugal
A região já foi uns dos maiores centro de produção de ouro para o império romano. A parte norte de Portugal produziu toneladas de ouro por centenas de anos, mas a produção cessou logo após a saída dos romanos. A mineração de ouro voltou a Portugal em 1800, mas diminuiu devido aos altos custos de produção. A última mina comercial, 'New Jales Mine', fechou em 1992.

Hoje, Portugal ainda é considerado uma terra de minerais e tem uma forte indústria mineira. Neste artigo, exploraremos a história da mineração de ouro de Portugal antigo e moderno.

Mineração de ouro do Império Romano em Hispania
Os romanos invadiram a Península Ibérica (Hispania) no século II aC e, em 27 aC, a dividiram em quatro províncias. Portugal fazia parte da província da 'Lusitânia'.
minas roamanas da lusitania
Minas roamanas na lusitania.

Nos tempos pré-romanos, os lusitanos trabalhavam na mineração artesanal nos ricos paleoluviadores de ouro ou no antigo minério aluvial. Por volta do início do século I d.C., os romanos começaram a explorar as jazidas auríferas dos rios Tejo e Alva e seus afluentes. Várias minas foram estabelecidas em toda a região nos próximos cem anos, e a Lusitânia tornou-se uma importante província produtora de ouro na Europa Ocidental. Os engenheiros romanos melhoraram as antigas técnicas de mineração aluvial, introduziram sistemas avançados de aquedutos, melhoraram as minas a céu aberto e começaram a cavar mais fundo para encontrar ricos veios de ouro.

Portugal tem vários sítios mineiros antigos bem preservados. Complexos mineiros como São Domingo, Mina Escádia Grande, Tresminas, minas de ouro de Castromil e muitos mais dão um vislumbre das técnicas de mineração usadas pelos romanos. Pesquisas exploraram muitos desses locais e estimaram a produção total das minas portuguesas em cerca de 9 toneladas de ouro durante o período romano.
A maioria das minas localizam-se principalmente no vale do Tejo e seus afluentes: o Erges, o Ponsul, o Ocreza e o Zêzere”, sendo que no Zêzere uma boa parte das minas situam-se abaixo das barragens e só podem ser reconhecidas em fotografias aéreas tiradas pelo exército na década de 1940.
minas romanas de Covão do Urso e Mina da Presa
Minas romanas de Covão do Urso e Mina da Presa

No vale do rio Alva havia uma grande área mineira e que até a pouco tempo era quase desconhecida, e que alberga uma das maiores concentrações de explorações auríferas romanas em todo Portugal.
Escavações realizadas encontraram ali o complexo mineiro Covão do Urso e Mina da Presa.
As escavações foram realizadas nas caixas d'água da rede hidráulica utilizada na operação. Desta forma, foi possível demonstrar que as minas estiveram em funcionamento entre os séculos I e III d.C. Além disso, o estudo dos registros paleoambientais preservados na rede possibilitou compreender as mudanças nos usos da terra decorrentes do início da mineração de ouro.
No interior do complexo mineiro de Penamacor realizaram-se também escavações no arraial romano situado junto à Mina da Presa. Os dados obtidos mostram que a cronologia do acampamento situa-se na época júlio-claudiana, por volta da primeira metade do século I d.C. Na época, o território lusitano já havia sido conquistado por Roma há muito tempo. Assim, a presença do exército não estaria relacionada à conquista, mas ao controle do território e à exploração dos recursos.

Minas de Ouro romanas nos aredores de Lisboa
A Mina de Ouro de Vale de Gatos situa-se em Vale de Gatos, Cruz de Pau no Seixal.
Abaixo desta localidade, encontram-se cerca de 10 hectares de galerias de onde o ouro era retirado.
Embora uma parte tenha sido destruído pela construção do complexo municipal de atletismo a maior parte da mina esta conservada.
mina de ouro sob complexo de atlestimo do Seixal
Mina de Ouro sob o Complexo de Atlestimo do Seixal

Atletas que valem ouro
Aqui, a ocorrência de ouro estava disposto nos depósitos pliocénicos na forma de blocos de arenito silicioso da região (exploração do ouro aluvionar).
Esta mina oferece uma visita lúdica nos seus complexos, porém as visitas requerem marcação atempada no sítio da EcoMuseus da C.M. Seixal.

A Mina de Ouro de Silha do Alferes situa-se em Foros de Catarpona, Paio Pires também no Seixal
Aqui, a área total com evidências de galerias mineiras romanas ultrapassa os 30 hectares.

Conheiras romanas
Ainda hoje se avistam as chamadas "Conheiras", resultantes de exploração mineira romana ao ouro português.
conheira romana em Vila de Rei, Portugal
Conheira romana em Vila de Rei, Portugal.

As conheiras são amontados de seixos rolados, resultante de escavação ao céu aberto de exploração mineira de ouro aluvionar pelos Romanos, cujas dimensões podem atingir 200-500 metros de Extensão superficial e 10–20 metros de profundidade.
Portugal preservou algumas destas conheiras e hoje em dia há espaços destes que podem ser visitados, havendo até mesmo uma rota das conheiras.
Veja AQUI a "Rotas das Conheiras".

O ouro que os romanos levaram de Portugal
Nos dois primeiros séculos do I milénio d.C. a Península Ibérica foi o principal abastecedor de ouro para o Império Romano, como aliás também de prata e estanho. Estes minerais eram de tamanha importância para o império que até se montou um assentamento militar romano na Serra do Marão, ao lado de uma mina de estanho, e que se chamava Castra Oresbi.
Depois que os romanos foram expulsos da Península Ibérica pelos "Mouros", a mineração de ouro parou e a maioria das minas foi fechada. Apenas a população local continuou a trabalhar na mineração de pequena escala, que era em grande parte de forma artesanal. A condição continuou por vários séculos até o século XIX, quando algumas empresas de mineração se apresentaram para estabelecer operações e reexplorar o potencial da região.

Exploração de ouro em Portugal na era moderna
Em meados de 1800, quando a Revolução Industrial estava em pleno andamento, Portugal viu outra onda de exploração de ouro. Embora o foco permanecesse nas minas romanas existentes, várias empresas estabeleceram operações de pequena escala e exploraram os recursos. A atividade continuou ao longo do início do século 20, mas a produção permaneceu baixa porque as técnicas de mineração de pequena escala existentes não eram viáveis ​​em grande escala. Poucos locais lucrativos que reabriram enfrentaram uma forte reação por causa dos danos ambientais. Nenhuma das empresas manteve a produção por muito tempo e, finalmente, a última mina de ouro fechou em 1992.
Listamos algumas minas importantes que operaram nos séculos 19 e 20.

Tresminas
Tresminas foi uma das maiores explorações mineiras de ouro do mundo romano, com registos de actividade desde o reinado do Imperador Augusto (27 a.C - 14 d.C.) até à época de Sétimo Severo (193 - 211 d.C.).
As minas eram constituídas por um sistema a céu aberto, originando crateras de grandes dimensões que testemunhavam o esforço humano ali empreendido, e por um complexo de galerias para transporte, escoamento e tratamento dos minérios. O abastecimento de água era feito por aquedutos desde o Rio Tinhela e da Ribeira da Fraga.
A antiguidade da presença humana na região é evidente pela existência de muitos vestígios arqueológicos, como pontes e estradas romanas ou o Castro da Cidadelha de Jales.

Tresminas esta aberto a visitação contando também há um centro de interpretação.

Minas de São Domingos
Por 400 anos, os romanos mineraram ouro em São Domingos. O local foi abandonado em algum momento durante o século IV dC. Em 1854, um mineiro italiano o reexaminou, e uma firma inglesa começou a minerar aqui em 1856, mas trabalhava principalmente com minério de cobre. Eles converteram a mina em uma operação a céu aberto em 1867, o que resultou em alta lixiviação de ácido sulfúrico e contaminação do ar, e forçou seu fechamento em 1866.

Minas de Castromil
Outro antigo local de mineração onde os romanos extraíam ouro tanto por escavação a céu aberto quanto por operações subterrâneas. Até o século 19, garimpeiros locais e algumas empresas de mineração continuaram a explorar a área. No entanto, em 1940, a exploração foi totalmente encerrada devido à contaminação excessiva de chumbo e arsênico das águas subterrâneas.

Minas de Jales
A mina de ouro de Jales foi explorada desde o tempo dos romanos (séculos I e II). Os trabalhos desenvolveram-se ao longo de 4 a 5 Km de extensão na região de Vila Real, atingindo os 120 m de profundidade. Segundo estimativas, 25 toneladas de ouro foram extraídas dessas minas.
Possuía enorme impacte visual e de enquadramento, destacando-se da envolvente. A exploração recente foi retomada em 1929, com a exploração do sistema filoniano da Gralheira e, mais tarde, em 1933,  os trabalhos deslocaram-se para o Filão do Campo. Por insolvência da empresa exploradora a New Jales minas parou a produção em 1992, principalmente devido aos altos custos da mineração, o que a tornou não lucrativa sendo encerrada em 1993, muito embora já desde 1992 a exploração e atividade mineiras se tenham praticamente limitado a simples trabalhos de manutenção e de conservação.
Semelhante a outras minas, as minas de Jales também sofreram degradação ambiental. 

Garimpo de ouro recreativo em Portugal
Garimpo de ouro recreativo em Portugal
O garimpo de ouro como hobby parece que ainda permanece a correr nas veias de alguns lusitanos onde se veem alguns a aventurarem-se e até por vezes terem êxito ao encontrar ouro nativo quer seja ouro fino, fagulhas ou até mesmo pequenas pepitas.
Garimpo de ouro recreativo em Portugal
Se quer começar nesta aventura romana do garimpo de ouro poderá começar por seguir alguns dos grupos de garimpo de ouro em Portugal no Facebook.

Veja mais sobre onde começar a garimpar ouro em Portugal nos links a seguir:

Parque Arqueológico de Tresminas

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Exploração romana do ouro em Portugal:

Fontes:

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