Áreas kimberlíticas e diamantíferas no Estado do Mato Grosso

Corpos Kimberlíticos e Diamantíferos do Estado do Mato Grosso
variedade de diamantes de Sorriso, Mato Grosso
Este artigo faz parte do:
PROJETO DIAMANTE BRASIL - ESTADO DO MATO GROSSO

O Mato Grosso, com 117 intrusões, é o segundo estado brasileiro com maior quantidade de corpos com afinidade kimberlítica conhecidos. Com poucas intrusões isoladas, estas rochas estão preferencialmente agrupadas em quatro campos kimberlíticos, sendo eles Campo Kimberlítico Juína (CKJ), Campo Kimberlítico Paranatinga (CKP), Campo Kimberlítico Traíra (CKT), e Campo Kimberlítico Jauru (CKJA). Sendo que três corpos kimberlíticos, denominados Traíra-2, 3 e 6, que estão localizados no sudeste do estado do Amazonas e próximos à divisa com Mato Grosso.
Mapa de diamantes do estado do Mato Grosso
Ocorrências de diamantes no estado de Mato Grosso está representado pelas linhas pontilhadas no mapa acima.
O CKJ é o mais importante em termos de quantidade de corpos e de potencial diamantífero, de acordo com os dados até agora conhecidos. Ele está localizado no NW do estado, a SW da cidade de Juína, e é composto por 52 corpos com idades que variam de 80,1 a 94,6 Ma (milhões de anos). A maior parte dessas intrusões está encaixada em
 rochas sedimentares permo-carboníferas da Formação Fazenda da Casa Branca (Bacia dos Parecis; Siqueira), na porção meridional do Cráton Amazonas. Outros corpos do campo CKJ ocorrem encaixados em granitos e gnaisses do embasamento paleoproterozoico da Província Geocronológica Rio Negro - Juruena. É importante destacar que as intrusões kimberlíticas encaixadas nas rochas sedimentares paleozoicas da Bacia dos Parecis desenvolveram completamente seus depósitos piroclásticos extrusivos, ao contrário das intrusões no embasamento cristalino. Em mapas de sinal analítico (magnetometria) estas rochas produzem pouco contraste.

O CKP é constituído por 40 intrusões que estão localizadas a N-NW da cidade de Paranatinga, região central do estado. Estudos isotópicos de U-Pb em zircões mantélicos, recuperados de kimberlitos de Paranatinga, indicaram que a formação desses minerais ocorreu no Barremiano (122,6 - 126,3 Ma). Esse estudo corrobora as idades de 120 - 121,1 Ma para o kimberlito Batovi-9, deste mesmo campo. Os corpos do CKP estão encaixados em arenitos finos a médios com estratificação cruzada de pequeno porte e seixos esparsos da Formação Utiariti (de idade cretácea) na Bacia dos Parecis, bem como no embasamento neoproterozoico, representado por rochas da Formação Diamantino do Grupo Alto Paraguai, composta por folhelhos, argilitos, siltitos e arcóseos. Em mapas de sinal analítico alguns corpos exibem grande contraste com as rochas sedimentares encaixantes.

Depósito de plácer de diamantes
Mapa dos campos kimberlíticos de Juína e Paranatinga, os campos com o maior número de corpos de diamantes do estado do Mato Grosso.
Observe os rios onde ocorem diamantes de pláceres, ou seja, depósito natural por concentração, normalmente nas curvas de rios, de minerais com importância econômica como ouro e diamantes. No mapa eles estão marcados com traços brancos. 
Mapa de diamantes do estado do Mato Grosso
Mapa de diamantes do estado do Mato Grosso
Porém quando sair em busca de diamantes neste tipo de depósitos fique atento a outros minerais que são por vezes encontrados em plácer, são eles: estanho, platina, nióbio, tântalo, zircônio, ouro, elementos terras raras e claro, diamantes.

Vale ressaltar, que no domínio do campo CKP são encontrados importantes garimpos de diamantes.
O CKT, por sua vez, é formado por 14 intrusões, das quais três (Traíra-2, 3 e 6) localizam-se no estado do Amazonas e as demais no extremo noroeste do Mato Grosso. Todos esses corpos estão encaixados em ortoconglomerados, quartzo arenitos e arenitos arcoseanos da Formação Palmeiral (neoproterozoica), da bacia homônima.
O CKJA é composto por nove intrusões localizadas no SW do estado de Mato Grosso. Tais corpos estão encaixados em rochas da Formação Utiariti (Cretáceo) ou do embasamento cristalino pré-cambriano, representado pelas seguintes unidades: (i) Granito Sararé (906 Ma Ar-Ar), sendo este um biotita-muscovita monzogranito róseo, maciço, localmente porfirítico e cataclástico; (ii) Suíte Intrusiva Santa Helena (1422-1456 Ma U-Pb), composta por sienogranitos e monzogranitos porfiríticos foliados com fases aplito-pegmatíticas tardias, tonalito e granodioritos subordinados, em parte gnaissificados; e (iii) Complexo Alto Guaporé (1740 Ma U-Pb), constituído por paragnaisses (parcialmente migmatizados), ortognaisses granodiotíricos e tonalíticos, gnaisses migmatíticos, e subordinadamente anfibolitos, xistos e quartzitos. Mais recentemente, a intrusão kimberlítica Jacaré-1, deste campo, foi datada por Felgate (2014) em 242 ± 10 Ma pelo método U-Pb em perovskita.

Outros corpos catalogados que não configuram campos kimberlíticos são: Areado-1, também denominado Tamboril por Weska, Areado-2, Barreiro-1, Maciço-1 e Serra MT-1. Os três primeiros ocorrem intrusivos em rochas da Formação Aquidauana (Permo-Carbonífero), composta por arenitos médios a grossos, conglomerados, siltitos, folhelhos, arenitos finos laminados e diamictitos, em configuração de ambiente fluvial, lacustre e glacial. O corpo Maciço-1 também ocorre encaixado em rochas dessa formação, porém próximo ao contato com litologias da Formação Paredão Grande (83,9 Ma), que é composta por basalto alcalino, rochas piroclásticas e diques de diabásio. Outro corpo isolado, denominado Serra MT-1, é intrusivo em metassedimentos da Formação Fortuna, unidade basal do Grupo Aguapeí (Mesoproterozoico), composta por metaconglomerados oligomíticos com seixos de quartzo e quartzitos em matriz sericítica, ligados a ambientes de leques aluviais e fluviais entrelaçados (braided).
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diamantes recuperados de placeres do Morro do Chapadão no Mato Grosso
Diamantes recuperados do Morro do Chapadão no Mato Grosso
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