Diamante carbonado

Diamantes carbonados 
Amostras de carbonado coletadas entre Bangui e Berbérati (República Centro-Africana)
Amostras de carbonado coletadas entre Bangui e Berbérati (República Centro-Africana)
O nome diamante carbonado foi cunhado no Brasil no século XVIII, e é chamado  internacionalmente  como "carbonado diamonds". Eles só ocorrem no Brasil e na República Centro-Africana.

Diferenças entre diamantes tradicionais e diamantes carbonados:
Os diamantes tradicionais são minerados a partir de rochas vulcânicas chamadas kimberlitos. Eles também podem ser extraídos de fontes secundárias, chamadas aluviões, que se formam quando os kimberlitos são desgastados pela ação dos agentes naturais e fazem com que os diamantes soltem-se da rocha original (matriz) e se acumulem, principalmente em cursos d'água.
Essa formação é praticamente idêntica em todas as minas ao redor do mundo. Mas nenhuma delas é compatível com a formação dos diamantes carbonados. Todas as minas de diamante do mundo em conjunto produziram cerca de 600 toneladas de diamantes convencionais desde 1900. Mas nenhuma delas produziu um quilate sequer de diamantes negros.

Recentemente segundo alguns pesquisadores, os diamantes carbonados foram formados em explosões de estrelas chamadas supernovas. Quando chegaram à Terra, eles eram do tamanho de asteróides, medindo até um quilômetro de diâmetro.

As principais hipóteses sobre as origens dos diamantes carbonados:
As teorias sobre a gênese do carbonado se dividem em cinco categorias:
1. Impacto meteorítico;
2. Crescimento e sinterização na crosta ou no manto;
3. Subducção;
4. Implantação de íons radioativos de substratos de carbono;
5. Extraterrestre.

Diamantes negros, ou carbonados, origem extraterrestre:
Se "os diamantes são para sempre," então parece que, em relação ao planeta Terra, eles também "o são desde sempre".
Geólogos descobriram que os chamados diamantes carbonados, ou diamantes negros, não se originaram na Terra, mas no espaço exterior.

Cientistas de duas universidades norte-americanas, em 2007, descobriram que esse tipo muito específico de diamante e que não é encontrado em nenhuma mina na Terra, tem uma origem extra-terrestre.

"Elementos traço críticos para uma origem 'ET' são o nitrogênio e o hidrogênio," afirma Stephen Haggerty, um dos autores do artigo que descreve a descoberta. A presença de hidrogênio nos diamantes carbonados indica que eles foram formados em um ambiente rico nesse gás, no espaço interestelar.

Diamantes carbonados no Brasil
Carbonados são diagnosticados como diamantes desde a década de 1840, quando começaram a ser lavrados nos depósitos aluvionares da Chapada Diamantina, Bahia. Os portugueses catalogaram os diamantes negros com o nome de carbonados, pensando que eram umas pedras com baixo valor. Nas décadas seguintes, o interesse econômico pelo material fez que, por diversas vezes, sua produção significasse 60-70% de toda a produção brasileira de diamantes. Em 1905, foi encontrado em Lençóis o maior de todos os carbonados, pesando 3.167ct. Designado de "Carbonado do Sérgio", ele é o maior diamante bruto já encontrado no mundo, com peso superior em 61ct ao famoso "Cullinan" da África do Sul (3.106ct), de modo geral considerado o primeiro.
diamantes carbonado no Brasil
Diamantes carbonado encontrado em Lençóis, Bahia

Rio Paraguaçu, Andaraí, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil
Diamante Carbonado encontrado no Rio Paraguaçu, Andaraí, Chapada Diamantina, Bahia
Carbonados ocorrem como indivíduos granulares, mais ou menos porosos e geralmente de coloração preta/cinzenta, amarronzada ou avermelhada, devido a uma fina película (pátina) que recobre os grãos (Figura 2). Constituem agregados policristalinos (indivíduos na faixa de 0,01-0,001mm, Orlov, 1973), mostrando dimensões totais inconstantes até 8cm de diâmetro, como no "Carbonado do Sérgio". 
Diamante carbonado
A superfície de fratura de um carbonado revela, mesmo sob baixos aumentos, os cristalitos de diamante e os poros abundantes presentes (Figura 3).
Diamante carbonado
A densidade de amostras da Chapada Diamantina/Rio Macaúbas varia entre 3,10-3,40, inferior à do diamante monocristalino cujo valor (teórico) é 3,515. Essa densidade baixa é devida a sua porosidade maior (até 5%), como também pela riqueza de inclusões "leves", tais como quartzo, ortoclásio e caulinita, junto a outras menos abundantes como rutilo, zircão, óxidos de ferro, fosfatos e ligas metálicas complexas.

Controvérsias e discusões sobre o modelamento dos diamantes carbonados:
Carbonado, uma variedade policristalina do diamante, tem sua gênese alvo de intensas controvérsias. A discussão das principais hipóteses propostas para a questão, em associação com o enquadramento geológico das sequências pré-cambrianas que portam o material na serra do Espinhaço, parece favorecer uma dessas hipóteses. Na mesma, os microcristais que compõem o carbonado se formariam ordinariamente no manto, seriam trazidos para a crosta junto com os diamantes monocristalinos encontrados nessas sequências e, em estágio posterior, se agregando num ambiente sedimentar rico em material radioativo.


Modelamentos genéticos do carbonado:

Além da "sugestão" precursora de Robinson (1978), quatro principais modelamentos mais elaborados quanto à gênese do carbonado são encontrados na literatura, são eles:
1. A hipótese de Smith e Dawson (1985);
2. A hipótese de Kaminsky (1991);
3. A hipótese de Ozima et al. (1991) e Kagi et al. (1991, 1994) e
4. A hipótese de Haggerty (1995).

Usos e preço do diamante carbonado:
Carbonado é uma variedade de diamante massiva, opaca, cinza, marrom ou preta, são transformados em pó para serem usados em broca abrasiva e em várias outras ferramentas de corte. Raramente um diamante carbonado será lapidado para entalhe em uma jóia, o padrão de diamante carbonado de qualidade superior gemológica esta descrito abaixo.
O valor é baixo devido aos fins industriais, porém uma rocha bonita poderá sobresair aos olhos de algum colecionar de pedras sendo que este poderá pagar um pouco mais para ter uma pedra que é um tanto quanto difícil de serem encontradas.

Qualidade gemológica de diamante carbonado
Nota das qualidades:
AAA- significa que não tem nenhum entalhes/arranhões ou cavidades que são visíveis a olho nu.
AA- tem arranhões/riscos muito leves ou cavidades que são visíveis a olho nu.
A- tem entalhes/arranhões ou cavidades que são facilmente visíveis a olho nu.
Nota do brilho: Lustroso - excelente.
Claridade - opaco.
Melhor Cor para lapidar é a JET BLACK


Leia mais sobre estes modelamentos detalhadamente no link a seguir:

Como testar pedra suspeita de diamante com óleo, graxa ou vaselina

Teste para identificar um diamante suspeito
Os diamantes têm uma alta condutividade térmica, esta é a base do teste real de diamantes feito por joalheiros. O teste antigo em que os diamantes arranham o vidro é verdadeiro, mas outros minerais rígidos, incluindo o quartzo, também irão arranhar o vidro, de modo que este teste não é recomendado devido à falta de precisão.

Os diamantes são muito duros, 10 na escala de dureza Mohs. Porém ainda há quem faça o teste do diamante na base da martelada pensando que não vão quebrar, mas isso é um mito. Diamantes, quando martelados, fraturarão.

Além do nosso outro artigo sobre como testar e identificar um diamante, vamos falar deste outro teste simples e que são baseados no fato de que os diamantes são hidrofóbicos (repelente de água) e oleófilos (atraídos para óleos).
Como testar pedra suspeita de diamante com óleo
Mesa de graxa usada em mina para garimpo do diamante.
 
Os diamantes são naturalmente lipofílicos e hidrofóbicos, o que significa que a superfície dos diamantes não pode ser molhada pela água, mas pode ser facilmente presa pelo óleo. Esta propriedade pode ser utilizada para separar diamantes usando óleo ou graxa de outros tipos de substratos de cascalhos em uma mina.

Como testar diamantes com óleos e graxas:
Um efeito colateral curioso da perfeição da superfície do diamante é a hidrofobia combinada com lipofilia. A propriedade hidrofóbica significa que uma gota de água colocada em um diamante formará uma gotícula coerente, enquanto na maioria dos outros minerais a água se espalharia para cobrir a superfície. Da mesma forma, o diamante é excepcionalmente lipofílico, o que significa que graxa e óleo se acumulam rapidamente na superfície de um diamante. Enquanto em outros minerais o óleo formaria gotas coerentes, em um diamante o óleo se espalharia. Esta propriedade é explorada no uso das chamadas "canetas de graxa", que se aplicam uma linha de graxa à superfície de um diamante suspeito. As superfícies diamantadas são hidrofóbicas quando os átomos de carbono da superfície terminam com um átomo de hidrogênio e são hidrofílicos quando os átomos de superfície terminam com um átomo de oxigênio ou radical hidroxilo. O tratamento com gases ou plasmas contendo o gás apropriado, a temperaturas de 450 ° C ou mais, pode alterar completamente a propriedade da superfície. Os diamantes de ocorrência natural têm uma superfície com cobertura de oxigênio com menos de uma metade da monocamada, sendo o equilíbrio hidrogênio e o comportamento é moderadamente hidrofóbico. Isso permite a separação de outros minerais na mina usando o chamado "cinto de graxa".

Com base nisto, a GIA (Gemological Institute of America) projetou uma ferramenta que opera nesta propriedade diferente dos diamantes para diferenciá-los do tipo genuíno e falso. Então, sabendo que diamantes expressam uma certa afinidade por gorduras e líquidos gordurosos, o Instituto desenvolveu uma ferramenta que eles chamam de Diamond Pen. A caneta, como uma caneta-tinteiro, contém um tipo particular de líquido oleoso que deixa marcas visíveis sobre as faces de diamante absorventes e não absorventes, mas, quando esticadas sobre uma faceta de qualquer outro tipo de pedra, o líquido apenas se espalha sem sair uma imagem distinta de qualquer tipo.
Bateia de alumínio improvisada untada com vaselina.

Um diamante grande o suficiente, pode ser colocado na água e depois removido estando praticamente seco. Isto acontece porque o diamante é hidrofóbico, a água será repelida e a pedra ficará seca.
O quartzo, por exemplo, permanecerá úmido após ter sido removido da água secando lentamente.
Além disso, você pode colocar vaselina em uma bateia e colocar a pedra suspeita na bateia com água.
Pedra de diamante bruto e flocos de ouro que aderiram na bateia. 
Se o diamante suspeito adere à vaselina enquanto você gira ou agita a bateia, há uma boa chance de ser um diamante. Se ele passa sobre a vaselina sem aderência, há uma boa chance de não ser um diamante.

Graxa na bateia:
Alguns garimpeiros experientes só por precaução quando bateiam em rios que podem haver diamantes, passam graxa em uma parte da bateia.
Fica a dica.

Saiba como funciona uma mesa de graxa para recuperar diamantes:
https://www.youtube.com/watch?v=y6SaFwFi0ag

Saiba como funciona um testador de diamantes:


Testadores de diamantes profissionais
(para gemologistas)
 Caso tenha muito material para testar, sugerimos um testador de diamante térmico que vai ser a melhor solução para uma identificação adequada e 100% eficaz.

GEMOMETRICS
(Europa)
https://gemometrics.com/

PRESIDIUM
(Ásia)
https://presidium.com.sg/

Caso não tenha um testador de diamantes poderá levar até um joalheiro para a inspecionar.

Conheça as pedras que são confundidas com os diamantes: